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4 ações para ajudar a família na UTI

01-06-2017  por Luiza Sá

Quando somos notificados que um familiar sofreu acidente ou foi transferido para UTI, logo ficamos receosos, preocupados, talvez questionando e tentando processar como tudo ocorreu. Sabemos que acidentes ocorrem, mas nunca estamos realmente preparados caso aconteça conosco ou alguém próximo. Neste artigo veremos quais atitudes podem ajudar a lidar melhor com essa situação.
É para a UTI que as pessoas vão quando precisam de equipe especializada e cuidado intenso, ou seja, maior complexidade tecnológica e atenção na maioria do tempo.

É comum que famílias considerem em pensamento este local frio, distante e de ameaça à vida. Situações deste tipo geram desconforto, ansiedade, estresse e quebram a rotina familiar, uma vez que o paciente é afastado da família - a emergência não dá aviso prévio - e todos têm que se reorganizarem.


Falarei a seguir sobre quatro comportamentos que possibilitarão melhor organização do tempo, dos relacionamentos e de como lidar com as emoções diante desses desafios. Vamos lá:

1. Conheça a rotina do hospital: Todo local tem suas regras e burocracias. O hospital, como instituição não é diferente. Informações como horário de visita; idade mínima para visita; quantas pessoas por vez; qual traje usar; documentos necessários (seus e do paciente); conhecer a equipe responsável; se pode levar alimentos e/ou objetos pessoais; saber onde fica a UTI, refeitório, cantina e seus respectivos horários. Essas são informações que facilitam as idas e experiências neste local, pois evitam constrangimentos e ajudam no melhor uso do seu tempo. 

2. Tenha uma rede de apoio: Neste momento a família encontra-se fragilizada, afetando seus relacionamentos entre a própria família, na comunidade e no trabalho, podendo gerar crise financeira. Durante o momento de sofrimento, algumas pessoas podem se isolar e caso isto se prolongue, aumenta o risco de ocasionar depressão. Normalmente um familiar se torna a referência da família, é ele quem cuida dos documentos, sabe dos detalhes sobre o paciente, tanto histórico familiar como das causas da internação e sua evolução. Lembre-se: você não está só! Fale com seus parentes, amigos, vizinhos. Fale com as pessoas que se importam com você, explique sua situação. Certamente elas poderão te ajudar de alguma forma e auxiliar a suportar este momento, a ter recursos emocionais e financeiros para passar por esta situação. Afinal, quem cuida também precisa de cuidados! 

3. Relacione-se com a equipe: É importante que o familiar de referencia esteja presente durante o boletim, momento no qual o médico responsável fala sobre os tratamentos, medicações e outros detalhes sobre o paciente. Assim, também poderá informar os demais familiares com as informações corretas e atuais. Pesquisas mostram que a família deseja estar próxima e entre as suas maiores preocupações estão as questões: o meu parente está sentindo dor; estão cuidando bem dele; o que eu posso fazer para ajudar; para que servem estes aparelhos? Aproveite este encontro para esclarecer suas dúvidas! Assim você sentirá menos ansiedade e poderá lidar com o que de fato acontece, pensando menos nos “e se” ou “será que”, otimizando suas prioridades e ações para aquilo que é importante fazer no momento. Além disso, desenvolver um bom relacionamento com a equipe pode facilitar a comunicação entre vocês. Isto fará com que você possa se sentir compreendido e acolhido, além de evitar maus entendidos.

4. Fale com o psicólogo: este profissional faz parte da equipe multiprofissional e poderá te ajudar a lidar com suas emoções durante o período na UTI. É um serviço que já está à sua disposição e do paciente também. O psicólogo te ajudará a compreender melhor a rotina da UTI e te oferecerá um espaço para você expressar o que está sentindo e entrar em contato com seus medos, angústias, rancores, esperanças e ressignificação da vida. Conforme nos conhecemos mais e lidamos melhor com nossas emoções, maiores as chances de conseguirmos fazer boas escolhas dentro do possível e a aceitar as consequências destas escolhas, ou seja, reconhecendo-nos como responsáveis pela nossa vida.

A vida é dinâmica e imprevisível. Não temos o controle de tudo, mas temos a capacidade de fazer nossas próprias escolhas diante do que está acontecendo. Ter um parente internado no UTI de um hospital é algo difícil de encarar. É comum sentir-se ansioso e estressado, porém, é possível que determinadas atitudes diminuam o sofrimento e que este período proporcione aprendizados e fortaleça relacionamentos.

Autora

Luiza Sá
Psicóloga
Lidando com a Família
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