Gerontologia e Saúde do Idoso
22-04-2016 por Marcelo Torres.
Sobre a Gerontologia
O Envelhecimento é um processo inexorável que começa desde o nascimento e só termina com a cessação completa da vida. O caminho natural percorrido pelo ser humano durante o ciclo de vida leva a última fase da vida - velhice.
Na França durante a década de 1960 foi criado o termo idoso que refere-se as pessoas acima de 60 anos. Essa marcação cronológica implica mudanças na relação da pessoa com a sociedade.
Portano, envelhecimento é o processo, velhice a fase e idoso a pessoa. São três termos fundamentais dentro do contexto da GERONTOLOGIA - área do conhecimento multidisciplinar cujo objeto de estudo é o envelhecimento em seus aspectos biológicos, psicológicos e sociais.
O envelhecimento como um processo biológico é marcado por fases delimitadas pelas mudanças físicas ao longo do ciclo de vida. O declínio da capacidade funcional, diminuição na velocidade de reação e na capacidade de enfrentar os estímulos externos são marcos do envelhecimento do ponto de vista biológico. Tais características do envelhecimento são influenciadas por fatores genéticos, hereditários e ainda pela relação do sujeito com o meio ambiente. Assim, apesar do processo de envelhecimento ser universal para o ser humano existem variações.
Na perspectiva social, segundo Moragas (2010), é importante a compreensão da interferência da sociedade no processo de envelhecimento, considerando dois aspectos: individual e coletivo. No âmbito do individuo torna-se relevante analisar a forma como o cada um experimenta e reage as influencias da cultura, ou seja, como cada um vivencia o processo de socialização. Já no âmbito coletivo, da sociedade como um todo, a gerontologia social estuda as aspectos da velhice levando em consideração algumas variáveis (idade, papéis sociais, status social, estereótipos, preconceitos, etc). São dados amplos que refletem as necessidades de determinada faixa da população num contexto global da sociedade. Os dados obtidos através das pesquisas científicas na área social junto a populações de velhos são fundamentais para o planejamento de politicas publicas.
No que se refere a perspectiva psicológica do envelhecimento destaca-se as pesquisas em psicologia do desenvolvimento e do envelhecimento que tem como referenciais, segundo NERI (2007) quatro paradigmas:
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Mecanicista: Nesse paradigma o fundamental é a metáfora da máquina. Tendo o desenvolvimento humano resultado de interações homem e meio ambiente sem a consideração de aspectos subjetivos do ser humano. Os modelos mecanicistas foram fundamentais para a elaboração de teorias sobre o aprendizado e cognição principalmente durante o século XX.
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Contextualista: Diverge do paradigma mecanicista, ao afirmar que individuo e meio social são interdependentes, sendo o desenvolvimento caracterizado como processo adaptativo durante toda a vida. Tem base na sociedade como norteadora das trajetórias de vida.
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Organicista: Desenvolvimento ordenado por sucessões de estágios baseados em determinantes sociais, históricos e culturais. A aposentadoria, por exemplo, é uma demarcação social entre a fase adulta e a velhice.
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Dialético: Enfatiza as mudanças, contradições, interações dinâmicas e tenta sintetizar as influências biológicas, psicológicas e socioculturais.
Atualmente um modelo bastante divulgado é o do desenvolvimento ao longo da vida (Life-span) que seria uma síntese dos paradigmas contextualista, organicista e dialético. Neste modelo o desenvolvimento humano ocorre durante toda a vida, considerando as interações entre fatores biopsicossociais. Mensura ainda as relações entre perdas e ganhos, além do equilíbrio entre os limites e as potencialidades. Tenta relativizar cada fase enfatizando o lado positivo, na velhice o modelo Life-span destaca a preservação dos mecanismos de auto-regulação e a maior capacidade de resiliência psicológica.
A gerontologia contempla essa diversidade, considera o envelhecimento e suas alterações biológicas, enquadrada dentro de determinado contexto social e vivida por um sujeito que carrega uma sequência de experiências e aprendizados que moldam a forma de se relacionar com o outro e o ambiente.
Referências:
MORAGAS, R. Gerontologia Social: Envelhecimento e qualidade de vida. São Paulo, Paulinas, 2010.
NERI, A. Paradigmas e Teorias em psicologia do envelhecimento. In: Netto, Matheus Papaléo. Tratado de Gerontologia. São Paulo, Atheneu, 2007. p.57-76.