top of page

Autora

Rogener Almeida
Psicóloga
Analista Existencial
Logoterapeuta
Doutoranda Psicologia Social

Assuntos

Blog - Logoterapia

V

T4

Cuidar das emoçoes é responsabilidade  de todos

07-11-2016  por Rogener Almeida Santos Costa

Durante muitos anos o conceito de inteligência  e de sucesso pessoal esteve relacionado a altos escores em habilidades lógico-matemáticas, habilidades espaciais e linguísticas e pouco se fazia referência aos aspectos emocionais que por anos foram relacionados mais a imaturidade, desequilíbrio, impulso etc. No entanto, a partir dos anos 80 o termo inteligência emocional ganhou força e foi enfaticamente divulgado nos meios de comunicação de massa..

Sem dúvida as habilidades cognitivas são da maior relevância em uma sociedade da informação na qual os conhecimentos e a tecnologia avançam em velocidade vertiginosa, porém muitos estudos, ao longo de décadas, demonstraram que um grande número de pessoas consideradas brilhantes em termos de conhecimento não logravam êxito em suas vidas profissionais e outras pessoas de desempenho cognitivo  mediano conseguiam grande destaque no mundo profissional, social ou político. Ao se estudar as características dessas pessoas foi possível concluir que elas possuíam características emocionais que as permitiam atingir suas metas de maneira mais contínua e satisfatória. Tais características passaram a ser chamadas de habilidades sócioemocionais.

Os novos estudos da Neurociência especialmente a partir das pesquisas do cientista português Antônio Damásio evidenciaram que não há uma separação entre razão, emoção e sentimentos. Os mecanismos cerebrais que regulam nossas emoções estão também em conexão com o cérebro racional e nossos estados emocionais impactam diretamente todo o processo de aquisição, processamento, acesso e memória. Portanto somos um todo integrado. Nessa visão “as emoções ou sentimentos são os sensores para o encontro ou falta dele, entre a natureza e as circunstâncias.” Para Damásio os sentimentos são tangíveis e são tão cognitivos  como qualquer outra percepção.

Países como o Canadá, Estados Unidos e Chile têm investido em programas de desenvolvimento das habilidades sócio-emocionais para as crianças a partir das vivencias escolares. Entretanto, são as relações familiares o espaço ideal para se favorecer relações face a face que provoquem nos sujeitos desde a mais tenra idade, a consciência de seus afetos e de como os mesmos os mobilizam nas interações em que participam no dia-a-dia. São muitos os fatores que concorrem para favorecer ou desfavorecer o desenvolvimento dessas habilidades e nem sempre o que foi oportunizado em termos de vivências familiares ou escolares foram efetivos nesse processo e importa saber que nunca é tarde para aprimorar  essas habilidades e existem caminhos diferentes para se atingir esse objetivo.

Em tempos de competição exacerbada, individualismo extremo e velocidade no ritmo da vida dos sujeitos é muito significativo destacar a importância das habilidades sócioemocionais no cotidiano de todas as pessoas porque as mesmas são  ferramentas que favorecem o conhecimento, o manejo,  a expressão de suas emoções, tornando-as mais aptas a lidar com os conflitos e com as situações de estresse tão frequentes na vida diária. Elas permitem também aos sujeitos definirem e atingirem propósitos, superando as dificuldades que surgem e se dispondo a manejar os fatores estressores com assertividade, tomando posições que sejam ecológicas para si e para as pessoas a sua volta. 

Cuidar das emoções é uma importante estratégia de saúde mental para crianças e adultos saudáveis ou mesmo com transtornos mentais que pretendem reduzir sua vulnerabilidade ao estresse e ampliar seu nível de bem-estar. Entre as estratégias de cuidado está a Logoterapia e Análise Existencial , que em determinados casos é a escolha mais adequada. Quem aprende a trabalhar adequadamente a expressão de suas emoções na clínica tem grandes chances de promover e ou ampliar a regulação emocional que vai impactar diretamente nas relações familiares ou mesmo nas relações sociais mais amplas.

O trabalho psicoterapêutico na perspectiva da Logoterapia ou Análise Existencial provoca a pessoa manifestar seus recursos especificamente humanos, ampliando cada vez mais sua consciência e liberdade por compreendê-la como um ser  que além de ser condicionado pelos fatores e condições de sua história e cultura é um ser  aberto em direção ao que está além de si mesmo e que é capaz de se reconfigurar a cada dia, como uma responsabilidade pessoal intransferível.

Saúde emocional em tempos de crise

26-07-2016  por Rogener Almeida

Você vive sua própria vida? É possível viver a vida de alguém? Será que tudo que  você faz  é o que realmente quer? Será que todas as pessoas responderiam a estas  perguntas do mesmo modo? Muitas vezes nem paramos para pensar porque fizemos determinadas escolhas e seguimos a onda. Nossa sociedade, fortemente marcada pela influência dos meios de comunicação e das redes sociais, facilmente nos conduz a nos perdemos nas tendências e nos conceitos dominantes.

Podemos viver alienados por anos ou por toda a vida. Muitos estão abrindo mão de uma vida autêntica, marcada por escolhas conscientes e consequentes, ou seja uma vida com a experiência da liberdade e da responsabilidade, seguindo os próprios valores e definindo os próprios critérios. A reação automática aos apelos de consumo presentes em todas as mídias alimentam o estresse e a ansiedade de muitas pessoas que perdem a noção dos próprios limites orçamentários, dominadas pela ânsia em aderir ao estilo de vida presente nas imagens projetadas no imaginário de todos.

Recentemente, uma adolescente do meu círculo de relacionamentos que não me encontrava há uns seis meses me pediu emprestado o celular para fazer uma ligação e ao terminar, delicadamente, me agradeceu e em seguida, olhou-me com espanto e disse: - Nossa!  Tia, você continua com o mesmo celular! Eu respondi: - esse aparelho está funcionando maravilhosamente, porque eu deveria trocá-lo? Ela prosseguiu: - a senhora não sabe? Já existem dois outros modelos mais novos. Continuei: Sei disso, a questão é que ele corresponde exatamente ao que preciso  sem falhas, por que mudaria? Só pra ter o novo pelo novo? Ela então refletiu um pouco e questionou ainda: a senhora não gosta do novo? Disse-lhe: - gosto e me sinto tentada, porém, consigo frear meu impulso consumista. Ela entre surpresa e compreensiva disse: você não gosta de ser consumista!? Esse diálogo me trouxe a uma reflexão recorrente sobre a influência que sofremos da publicidade e da propaganda que nos impõe necessidades, define  valores e por sua vez o  estilo de vida de uma grande parcela da população.

Somos muitas vezes acometidos de necessidades e interesses manipulados pela publicidade e sem percebermos desenvolvemos atitudes e hábitos para estar de acordo com as tendências de um mercado acelerado e voraz que a cada dia apresenta uma nova exigência. Nesse exemplo trago como personagem real uma adolescente, no entanto, isso ocorre com a grande maioria da população de todas as faixas etárias: descartar o que tem por algo mais novo que representa uma nova atitude, ou seja, seguir aderindo aos modelos externos irrefletidamente e inconsequentemente.

O interesse pelo novo, pela experimentação é saudável em qualquer idade e entre as crianças, adolescentes e jovens é uma predisposição que corresponde ao domínio da curiosidade, da extroversão e da liberdade para explorar o mundo que é, ainda, até certo ponto, novo para elas e, realmente, necessitam dessas experiências para irem formando seus repertórios de conhecimentos e amadurecendo, enquanto reconhecem o que efetivamente tem significado para si mesmos e o que é importante para os outros, aprendendo pelo ensaio e erro o valor  e as consequências das suas escolhas.

 

Em tempos de crise (ambiental, política e econômica)  como estamos, temos muitos motivos para repensarmos nosso estilo de vida e nos reposicionarmos frente aos apelos do consumismo alienante. Destaco no momento três: 1) cada um de nós têm o direito e o dever de ser sujeito de suas escolhas e viver autenticamente sua singularidade, recusando-se ao domínio absoluto da publicidade e propaganda, assumindo seus próprios valores e estilo de vida; 2) evitar alimentar a economia predatória que não considera os limites das fontes de matéria-prima, esgotando o potencial de restauração natural, colocando toda a humanidade em risco ambiental; 3) assumir a grande responsabilidade de cultivar a própria saúde emocional, evitando um de seus fatores de risco que é  o estresse provocado pelos desequilíbrios no orçamento pessoal ou familiar que desestabiliza e afeta fortemente a qualidade das relações.

T3
T2

Felicidade e Sentida da Vida

20-06-2016  por Rogener Almeida

A felicidade é um um tesouro almejado por todas as pessoas. Algumas chegam a expressar que sua meta na vida é ser feliz e vivem como se estivessem à espreita do momento sonhado. Tornam-se, muitas vezes, inquietas, ansiosas e tensas esperando o grande acontecimento que transformará suas vidas e lhes proporcionará chegar ao "Nirvana", ou seja, o cessar de qualquer sofrimento. A felicidade tem sido compreendida como um estado de bem-estar pleno, onde somente a alegria ou o prazer reina soberano.

Momentos de prazer, de euforia e de satisfação são facilmente provocados, principalmente em uma sociedade como a nossa que mercantiliza e medicaliza tudo e todos. A solução parece ser bem simples: quem está com insônia toma hipnóticos, quem está triste toma antidepressivos, quem está ansioso toma ansiolitico, quem está desanimado toma um energético... Entretanto, tal perspectiva tem se mostrado ilusória e frustrante. Atingir a homeostase, a estabilidade orgânica ou mesmo psíquica não assegura uma condição de harmonia ou de realização mais profunda e não impede o vazio existencial frequente que tem se manifestado entre as pessoas de todas as idades e, especialmente, entre os jovens.

Uma concepção de felicidade que se contrapõe à perspectiva relacionada ao prazer e ao poder como condições determinantes para o ser feliz é apresentada por um dos maiores psiquiatras, psicólogos e pensadores do séc XX, criador da Logoterapia, Viktor Frankl. Para  ele a felicidade não é atingida como um alvo. Ela é decorrência da  descoberta do  sentido da vida e o sentido só poderá ser encontrado pela vivência de valores.

A vontade de sentido é a motivação maior que proporciona o encontro com a autêntica missão individual.  Esse processo não é vivido em estado de homeostase e sim mediante a saudável experiência da tensão entre o ser e o dever-ser. Quando a pessoa consegue responder a pergunta sobre o "ser" e o "dever-ser" e se responsabiliza por uma missão na vida, ela encontra o sentido porque escolhe e assume os valores que serão os pilares de sua existência. Isso ocorre quando ela descobre aquilo que somente ela  e mais ninguém poderá fazer diante do momento e das circunstâncias vividas.

Viver com sentido é, também assumir-se como indivíduo em sua unicidade e singularidade, compreendendo que a missão é única, varia de pessoa para pessoa e muda com o passar do tempo numa mesma existência.  Isso significa que a felicidade será a consequência natural de uma autêntica vivência de valores. Somente quando a pessoa se entrega a uma causa, a uma tarefa ou a um amor ela encontra o significado, ou seja a finalidade da própria vida. Quem se lança a uma missão e/ou se dedica a um amor terá como consequência a própria felicidade.

 

Essa perspectiva apresenta a convicção  de que a vida sempre tem sentido, mesmo nas circunstâncias que envolvem a tríade trágica: dor, culpa e morte porque a plenitude do viver inclui todos os aspectos inclusive o sofrimento, o qual pode e deve se tornar possibilidade de fortalecimento e de transformação para os envolvidos.

 

Reafirma-se a perspectiva de Viktor Frankl e da Logoterapia: o que o ser humano necessita para alcançar sua felicidade é auto-transcender o que significa ir além de si mesmo, é estar aberto às possibilidades que a existência lhe oferece para realizar  seus projetos, para cultivar o amor e para aceitar o que não pode ser mudado. Na realização do sentido encontra-se a razão para a felicidade. Concorda-se com Nietzsche quando afirma que quem tem um "porquê" viver aguenta quase qualquer "como".  A felicidade está ao alcance de todos que encontram um sentido para viver!

T1

Apresentação

08-03-2016  por Rogener Almeida

Olá caríssimos e caríssimas,

 

Venho apresentar a todos uma proposta de serviços psicoterapêuticos fundamentados a partir da Logoterapia e Análise Existencial. Trata-se da terceira escola de Viena. A primeira foi a Psicanálise de Sigmund Freud, a segunda escola foi a Psicologia Individual de Adolf Adler.

A Logoterapia e Análise existencial foi criada pelo judeu-austríaco Viktor Emil Frankl que era psiquiatra, neurologista, psicólogo e filósofo. Nascido no início do século XX, no dia 26 de março de 1905 e viveu até setembro de  1997, acompanhando todos os grandes acontecimentos históricos do século passado. Durante a primeira Guerra Mundial passou pela experiência de sofrimento e fome e na Segunda Guerra, perseguido e preso por sua origem judaica, viveu o Holocausto, sendo sobrevivente de quatro campos de concentração. Pode experimentar na própria existência o poder de resistência do espírito. Desde a infância questionava-se sobre o sentido da vida e interrogava seus professores sobre o mesmo. No início de sua carreira de psiquiatra, escolheu trabalhar com a juventude no combate ao suicídio. Afirmou com convicção que o sentido de sua vida era ajudar as demais pessoas a encontrarem o sentido da própria vida.

 

De acordo com a psicóloga austríaca Elisabeth Lukas, uma seguidora fiel de Frankl, a pretensão da Logoterapia e Análise existencial é muito simples: “quer preparar o caminho para uma vida plena de sentido”. Propicia a síntese integradora da pessoa com o mundo. Favorece a reconciliação entre as pessoas, a preservação dos vínculos amorosos, cultiva a sabedoria humana e promove as relações humanas a partir da convivência e da solidariedade no amor. Essa proposta é destinada tanto a pessoas sadias quanto a doentes, aos jovens e aos idosos, nas mais diversas situações de vida.

A logoterapia tem como objetivo ajudar a pessoa a desenvolver um projeto de sentido para a sua existência ao mesmo tempo que favorece as condições para que a pessoa descubra em si mesma os recursos que dispõe para realizá-lo. Por isso não basta a análise retrospectiva de seu passado, é necessário ir além, abrindo perspectiva de integração ao mundo e às relações pessoais, despertando a consciência do paciente para viver com liberdade e responsabilidade suas possibilidades de escolha.

 

O método terapêutico que aqui apresento é de inspiração fenomenológica e provoca na pessoa a descoberta, em si mesma, da dimensão noética, também chamada dimensão espiritual, a qual possibilita as duas mais importantes capacidades humanas: o autodistanciamento e a autotranscendência. Através dessas capacidades a pessoa liberta-se dos condicionamentos biológicos, sociais e psicológicos para viver uma existência plena de sentido. Entre suas principais técnicas estão o diálogo socrático, a intenção paradoxal e a derreflexão que são vivenciadas com enfoque original, reafirmando sempre a concepção tridimensional, constituída pelas dimensões física, psíquica e espiritual da pessoa.

 

A validade dessa abordagem foi comprovada por pesquisadores como, Crumbaugh e seu  PIL Test ( teste de propósito de vida),  aplicado nos mais diversos lugares do planeta, cujas provas estatísticas demonstraram a efetividade da teoria  com sua ênfase no sentido da vida. O próprio autor da Logoterapia pode provar na própria existência que a vida tem sentido em qualquer circunstância, mesmo diante das situações trágicas e dolorosas. É possível elevar-se acima de si mesmo e transforma-se diante daquilo que é o inevitável.

bottom of page